sexta-feira, 30 de abril de 2010

Em viagem.

Não estamos em Barbacena, por forças maiores tivemos que viajar. Aqui, em Maceió, pra desopilar, fui dar um passeio e adivinha só o que encontrei? Parece que é coisa de cheiro, que pucha a gente. Donada, passei diante de um sebo, isso mesmo, um sebo. e ele é incrível, muitos títulos, bom espaço e oslivros, muito bem conservados. Vindo a Maceió, visite a ALFARRÁBIO BARÃO DE ATALAIA que vai encontrar títulos de livros, DVD's, e CD'S diponíveis para a venda e compra. Fica na Barão de Atalaia, 24-b. Bem no centro. Um belíssimo passeio.

terça-feira, 27 de abril de 2010

Infinitamente ausente

Menino e homem, sempre sonhei que eras eterna,
e cada noite, e cada dia, adormeci e acordei
com a inconsciente ventura de existires.
De repente, aquele incerto sorriso de alegria
com que amavas a vida murchou nos teus lábios tímidos,
e agora este vazio, este gelado de pedra no meu coração.
Não mais a mansidão do teu gesto,
não mais a humildade dos teus passos,
nem o pudor da tua voz, que nunca se elevou
num grito - de dor, de contentamento ou de cólera,
nem o morrediço olhar de resignação,
nem os vestígios últimos da minha infância fechados na tua mão.
Estou triste sem fim, mas tenho a lucidez de uma noite de insônia.
(O canto dos galos - aqui, ali, além, acolá -
torna mais longínquas todas as distâncias
e aumenta o longo penar da lívida madrugada.)
Nenhuma ilusão mais:
estás infinitamente ausente,
e sei onde estás, e como estás,
e sei que tudo continua igual na mesma terra, sob o mesmo céu.
(Quisesse Deus, cristalizado o sal das lágrimas,
engrandecer-me o coração
para eu cumprir finalmente a sua dor
sem ter e sem rogar consolação...)
Graça imóvel de tuas mãos serenas.
Quietude das pálpebras sobre os lhos apagados.
Serenidade do suspiro da vida no seu fim.
Tinha um pálido calor sem esperança
teu braço triste, quando o toquei cegamente.
É ainda nos restos das lembranças do teu fantasma
pensativo que é preciso, de bruços, pesadamente,
recomeçar a viver.

Abgar Renault

segunda-feira, 26 de abril de 2010

superfície

Questão de posse.

Temos que lançar um generoso olhar sobre as políticas de cultura e preservação do patrimônio e suas implicações para projetos de desenvolvimento sustentável dos municípios, além, é claro, de sua importância para a memória e as identidades de nosso povo.

O debate sobre a relação entre o patrimônio cultural e a cidade lança a cada um o desafio de aliar, numa perspectiva de gestão pública, a necessidade de promover o crescimento econômico das cidades, reduzindo as desigualdades sociais, sempre linkado na preocupação com o equilíbrio ambiental e a preservação do patrimônio artístico, histórico e cultural; condições primeiras para o vigor do desenvolvimento sustentável. Daí, o alcance estratégico de uma política pública de gestão cultural no sentido de permitir a exploração de nosso potencial econômico, distribuindo com equidade os equipamentos públicos de cultura e lazer, adequando e otimizando os espaços urbanos, promovendo nossas identidades e memória, sem prescindir das condições urbanas e ambientais em questão.

A fim de promover estas políticas públicas deve-se levar em conta as sutilezas impressas em qualquer processo de intervenção em espaços públicos, dados o choque entre interesses e expectativas das diversas camadas sócio- culturais, a relação entre os conceitos de público e privado, a relação entre discursos e perspectivas com relação à memória, e nossa interação com estes espaços, manifestações e registros sócio- culturais identitários de nossas comunidades. Isto, pois, levando em conta que a definição de patrimônio e de preservação do mesmo deve se dar de acordo com a pactuação entre os diversos atores sociais que compõem o lócus.

De acordo com esta perspectiva, revela-se mister um intenso trabalho no sentido de equilibrar tensões, pontuar relações, identificar, administrar e contemplar discursos e representações, ampliar conceitos e formas de promoção da cultura. Estes são alguns meios para se democratizar o acesso aos equipamentos públicos de lazer, memória, trocas culturais e produção artístico- cultural, promovendo inclusão social e cidadania.

Assim, podemos inferir que um dos caminhos para promover um novo modelo de gestão cultural passa pela ressemantização das funções sociais destes equipamentos públicos, tornando a gestão uma preocupação social (público e privado), a fim de que, com a descentralização dos pontos de produção e trocas culturais, possamos empreender a ampliação destes numa perspectiva coletiva. Para isso é vital compreender e pontuar as políticas de preservação do patrimônio e dos fazeres artístico/culturais enquanto vetores de desenvolvimento econômico, e, também, social, afetivo, intelectual e físico de um lugar.

Estas novas perspectivas permitem que o individual e o coletivo se cruzem, interajam-se, identifiquem-se e pontuem novas e dinâmicas relações entre si, os espaços e os equipamentos públicos. Dessa maneira, as políticas públicas de preservação do patrimônio serão elaboradas tendo a cidade como eixo e levarão em conta que todo o fazer humano é nosso sujeito, que a reconstrução e a reafirmação cultural têm seu valor estratégico para o desenvolvimento amplo da cidade, e, também, que este movimento pode estar aliado à expectativa da cidadania e da inclusão social.

Não podemos prescindir, porém, da importância que tem cada cidadão, atuando neste processo de forma intensa e solidária, a fim de que se tornem todos, agentes de defesa e de proteção de nosso patrimônio artístico, histórico e cultural.

domingo, 25 de abril de 2010

Deixe que a poesia faça o seu fazer, fazendo-se.

São inúmeras as questões que me são postas quando saio por aí levando algum suporte da Plataforma Ponto e Vírgula: algumas nascem por ter desempenhado papel (coadjuvante, confesso) na gestão cultural da cidade. As respostas beiram o óbvio: não devemos esperar, ou penhorar, toda a oferta cultural ao poder (com perdão da suposta hipérbole) público. Mas, devo dizer, há sim uma motivação muito intensa que anima essa empreitada, a poesia. E me perdoem os pragmáticos, mas não há nenhum matiz político e/ou ideológico na condução do trabalho. Embora a arte, a poesia, a música, o cinema, as plásticas (refiro-me às artes), enfim, compartilhem com quem as recebe meio de ler o mundo, só que com liberdade. Bom, como as questões postas surgem em face de uma preocupação pública, não vejo mal em tecer algumas breves considerações.

A Cultura pode ser entendida como instrumento de uma práxis crítica que, sem descartar os elementos de uma cultura mais elaborada (chamada por muitos de erudita), desenvolve um processo de elevação da consciência. Essa concepção, notada em Gramsci, não é estática e percebe uma inter-relação dinâmica entre os diversos níveis da Cultura.

Uma gestão pública de Cultura deve balizar-se por conceitos ao gerenciar a programação cultural da cidade, que deve ser sempre pluralista, sem interferências de gosto, conteúdo ou estética. Este pluralismo, no entanto, não pode deixar de perceber que o produto cultural encontra níveis variados de circulação e exposição. A comunidade é a verdadeira responsável e guardiã de seus valores culturais. O patrimônio cultural pertence a quem produziu os bens e registros que o compõem. Não se pode pensar em proteção de bens culturais, senão no interesse da própria sociedade, a quem compete decidir sobre sua destinação no exercício pleno de sua autonomia e cidadania.

Uma política cultural só se mostra correta e conseqüente quando, além de contemplar medidas referentes à memória de um povo, baseia-se mais amplamente em uma concepção que integra as questões sócio-econômicas, técnicas, artísticas e ambientais, articulando-as com as questões de qualidade de vida, meio ambiente e cidadania. Além disso, há que se considerar a dinâmica da história em sua característica de "agregação do trabalho humano a um suporte material", a necessidade de desenvolvimento dos assentamentos humanos e a importância da contribuição de cada geração, dentro de um conceito de desenvolvimento sustentado e respeito às gerações e à própria história.

A integração da cultura ao cotidiano das pessoas faz com que esta exerça sua força geradora de identidades, de valorização ética e de referência cultural. Com a cultura uma nação se supera no refazer da solidariedade, no direito à apropriação de sua memória e como conhecimento da importância do seu papel transformador.

domingo, 4 de abril de 2010

CONVITE

SARAU de Lançamento da
PLATAFORMA PONTO & VÍRGULA
DIA 08 DE ABRIL
20 HORAS
BAR E RESTAURANTE RELICÁRIO
Leve seu livro preferido.